A cobra,
o sapo,
a aranha
e o rato
iniciaram, de forma mansa,
uma mortal dança.
Saboroso ritual
do mais tenebroso mal.
Bem fundo na escuridão,
a cobra começa o trabalho
com seu traiçoeiro chocalho.
Terrível canção.
O sapo asqueroso
pula, incha, coaxa
no chão pedregoso
(loucos movimentos
de impulsos violentos).
Em seguida, a aranha inicia
sua estranha magia
- tecendo o fio
de seu coração vil.
O rato, a tudo observando,
lentamente vai se aproximando,
percorrendo o labirinto
com seu olhar faminto.
Uma borboleta desgraçada
é trazida como que por encanto.
Fora atraída pelo sinistro canto.
Aprisionada
numa estaca torta
breve estará morta.
Enredada na teia,
será a ceia.
será a ceia.
O medo lhe toma;
as asas contrai;
a consciência se esvai.
Entra em coma.
Nada pode fazer,
senão temer
e rezar
para o fim logo chegar
e morrer
sem muito sofrer.
A pior ou a melhor morte
quem determina é a sorte.
E, quando o mal é tal que não se pode evitar,
só nos resta aceitar.
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