A serpente guia o ladrão
por ruas lamacentas,
protegendo-o com a escuridão
de noites turbulentas.
Carregando sua adaga afiada,
o ladino o paredão escala
e, com uma única estocada,
o vigia para sempre se cala.
Em algum lugar do castelo,
numa câmara guardado,
há um tesouro tão belo
que breve será roubado.
Os corredores são labirintos
e há armadilhas por todo o lugar,
mas o gatuno segue seus instintos,
certamente, irá encontrar.
Tudo lhe parece ameaçador.
Espectros dançam à sua frente,
sombras projetadas no corredor.
Ilusões da sua mente.
Ambicioso,
sua vontade persiste.
Audacioso,
a tudo resiste.
Sem saber ao certo,
descendo pelos caminhos mais sombrios,
vai chegando cada vez mais perto,
superando os desafios.
Salta o abismo de um fosso.
Agarra-se a uma rocha
sem quebrar nenhum osso.
Acende sua tocha.
Tateia paredes de granito,
procurando uma passagem escondida.
Seus dedos, com cuidado infinito,
descobrem a fechadura há muito esquecida.
A chave que traz consigo,
enferrujada, mas valiosa,
fora roubada de um velho inimigo,
espólio de uma vingança ardilosa.
Uma vez no coração do palácio,
o ladrão tem uma oportunidade única.
Tudo lhe parece muito fácil.
Ele retira sua túnica.
Imerso na escuridão mais profunda,
uma última ameaça o espera.
No canto da câmara imunda,
sente a presença de uma temível fera.
Como saída de um sonho,
uma criatura com traços inumanos.
Avança o monstro medonho.
Emite gritos insanos.
O invasor, hesitante por um momento,
faz uso de sua arma secreta
e, num rápido movimento
com sua lâmina, um veneno injeta.
Fórmula letal
que aprendera ainda criança,
quando brincava com ervas no quintal.
Trágica lembrança!
No chão que agora pisa,
freneticamente convulsionando,
a fera agoniza,
sua boca espumando.
Chegada a hora da vitória,
guardadas de todos os olhares
– o ladino terá sua glória –,
joias aos milhares.
Um imenso baú de madeira,
esta noite, será levado.
Em histórias à frente da lareira,
o ladrão será lembrando.
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