Olhei para o cristal
e comecei a caminhar entre brumas.
Minha mente flutuou pelos ermos
até alcançar a escuridão.
Um lamento débil cortou o vazio.
Segui por entre soluços e desespero
parando diante de uma porta.
Ela não se abriu.
Então, mergulhei num abismo.
Perdi-me no tempo e no espaço
em meio a uma tempestade.
Mas não a sentia
nem a chuva,
nem o vento,
nem o frio
nem o meu próprio corpo.
Sufocado, sempre caindo,
comecei a ouvir vozes.
De quem são essas vozes?
Minhas?
Não as reconheço.
Estranhamente, mulheres, homens e feras me cercam.
Dançam à minha volta,
Figuras pálidas de uma era esquecida.
Não consigo interagir com elas.
No meio de tudo, uma fogueira.
Não, não é uma fogueira.
É um sol que fala comigo,
diretamente com o meu coração.
É um sol.
É um abismo.
E eu quero me atirar nele.
Quero poder abraçar a escuridão
e descansar,
mas estou tão triste.
Por que tamanha tristeza?
E essas vozes.
Estão me enlouquecendo.
Já não as suporto.
Quero gritar, mas não consigo.
Estou sempre caindo!
"AAAAAAAHHHHHHH!!!"
Enfim, a ilusão se desfaz.
Diante de mim, está Zorar,
o rei bruxo de Kadrash.
Seus olhos faíscam
enquanto seus lábios repetem
palavras inscritas num pergaminho.
Resisti ao seu controle
e começo a me lembrar.
Estou diante de uma porta.
É a entrada da masmorra do Castelo Rubi.
Meu espírito percorre os corredores.
Ouço os lamentos.
Já consigo discernir as vozes.
Lá está ela.
A princesa está viva!
Ao seu lado, estão todas as crianças desaparecidas.
"Não há mais tempo, heróis.
Zorar deve ser destruído
e seu espírito banido.
Que a Luz os proteja".